No meu segundo dia em Buenos Aires, o Guille, amigo aqui do
hostel, já havia me falado desse evento chamado Mundo Lingo, que acontece três
vezes por semana em diferentes bares da cidade e reúne gente de vários países que fala diversas línguas. No dia seguinte ele me convidou para ir, mas como
eu já tinha saído na quinta-feira, declinei. Eis que uma semana depois, na
última sexta, resolvi ir com ele.
Às sextas-feiras o encontro é no Olivers Club, em Palermo. O bar é super bonitinho e bem diferente, praticamente não tem mesas, tem uns sofás bonitos nas
laterais, mesinhas de centro baixinhas e um espaço livre enorme pra todo mundo
conversar, em pé mesmo. O preço também não é assustador.
Daí funciona assim: você chega e logo na entrada tem uma
mesa com uma moça simpática distribuindo adesivos de bandeiras de vários países.
Primeiro você pede um adesivo do seu país de origem, cola na roupa, e em
seguida vai colando as bandeiras dos países de outros idiomas que você
fala. Apesar de eu não me sentir assim tão segura com meu inglês e nem com meu
espanhol, o Guille insistiu que eu estava bem em ambos, assim que acabei
colocando uma bandeirinha da Argentina e outra dos Estados Unidos logo abaixo da
do Brasil. Fomos atrás de Quilmes e nos sentamos em poltronas douradas de
cetim.
Como eu não estava ali pra falar em português e tampouco o
Guille (que é argentino) em espanhol, nos restou conversamos entre nós em
inglês mesmo – ele ainda fala alemão, francês, russo, dinamarquês e sabe deus o que mais.
Depois de umas cervejas e uns Fernet, já meio borrachos, nos enturmamos com
gente diferente. Ele foi pra um lado falar com uma turma de franceses, e eu,
sem nem sair do lugar, acabei conversando com um argentino nervosíssimo em sua
primeira conversa em português, com dois irmãos angolanos – um deles albino – e outro argentino com um inglês pior que o meu. Mais tarde se juntaram duas
argentinas que falavam em alemão e por fim travei uma longa conversa com meu
novo amigo Lucas, argentino aprendendo português.
Nas terças o Mundo Lingo vai para o The Temple Bar, no
Microcentro, e nas quartas para o Soria, também em Palermo. Se eu soubesse da existência
disso quando vim para cá nas minhas férias, há pouco mais de dois meses, minha
tentativa de sair sozinha não teria sido tão dramática. No Mundo Lingo é meio que impossível ficar sem companhia por mais de dois minutos. E o legal é que tem de
tudo: argentinos querendo praticar outras línguas, estrangeiros morando na
cidade e gente que está só de passagem pela capital porteña.
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