terça-feira, 24 de setembro de 2019

(Não) era sonho

De repente eu estava ali, no trigésimo andar do centro do mundo, com uma bebida de 19 dólares na mão. De um lado o Empire State, do outro a Times Square. Eu, aquela mesma pessoa que há 20 anos corria com chinelo de dedo no pátio e entrava em casa com o pé vermelho - a cor da terra no Noroeste no Rio Grande do Sul. Aquela mesma pessoa que entendia que “viagem de férias” significava dez dias em Itapema com a família em janeiro.
Deve ser infinitamente mais emocionante chegar a Nova York pela primeira vez com quase 30 anos, depois de passar a vida achando que era um sonho tão distante, quase impossível, talvez algo ali para depois dos 50. Vocês que vão no final do adolescencia com a viagem paga pelos pais não sabem o que é se emocionar de verdade ao respirar o ar de Manhattan.
 Também acho que é muito mais autêntico ir para Nova York sem muito dinheiro. Só quem viaja on budget come pizza de um dólar várias vezes na mesma semana para poder deixar mais de 60 num bar em uma única noite. Quem tem dinheiro para ir a um bom restaurante, por exemplo, perde a experiência de comer um hot dog enquanto caminha para uma balada no East Village, manchando o pão com batom vermelho. Quem tem dinheiro compra na Century 21, não entra em um thritf shop em Bushwick e perde a chance de vibrar ao encontrar ótimas camisas por 5 dólares.
 Faz uns dias que voltei e ainda acordo várias vezes no meio da noite sem saber onde estou. No sofá-cama em Rockaway Park? No avião? Na linha A do metrô de NY? Será que eu sonhei toda essa merda? Comento alguma coisa com o Javi para ver se sua resposta confirma que estivemos lá de verdade. Olho as fotos. Eu realmente passei pela Brooklyn Bridge, andei de kayak no Hudson River e deitei na grama do Central Park. A vida é muito louca.






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