1 - Existem pessoas com hábitos estranhíssimos. Uma das
minhas roomies dorme cerca de 27 horas seguidas e depois passa dois dias inteiros sem
dormir. Nessas horas de sono ela acorda por uns segundos, enfia a mão num
saco de sucrilhos, mastiga com muito barulho de crocância, e volta a dormir.
2 - Chapinha e babyliss são mais úteis do que você imagina.
Eu achava que haveria um ferro de passar roupas no hostel e acabei não trazendo
o meu, mas se soubesse que não tinha não traria mesmo assim porque não cabia
mais nem um grampo de cabelo nas minhas três malas. Quando comecei a tirar
minhas roupas da mochila (tipo a da Cheryl Strade) me deu vontade de chorar
porque sem uma plancha não poderia usar metade delas. Eis que ontem coloquei
meus equipamentos capilares para funcionar e deixei uma camisa jeans razoável
para ser vestida. Mas já percebi que não é eficaz para todos os tecidos.
3 - Os homens porteños são exatamente como descrevia em seus posts a Amanda Mormito, em vários sentidos. Você não entende e nunca entenderá o que se passa
ali. O melhor é tentar uma relação com as pombas da plaza Francia. Um pouquinho
de farelo e tá tudo certo.
4 - Essa eu já sabia, mas agora senti na pele: aqui todo mundo
tem um apodo. Eu tenho dois. Meu novo amigo Guille (Guillermo) me chama de
Xuli. Já a Ariana, moça que trabalha no hostel, me chama de Júlia (Rúlia). A roomie
Lucrecia é Lucre e até nomes que não fazem nenhum sentido ter apelidos, têm. Diego, meu outro novo amigo, disse que chamam ele de Diegui. Ok.
5 - É impossível entender perfeitamente o que os porteños
dizem e eles na maioria das vezes também não fazem questão nenhuma de te entender, mas você vai sair vivo de todas as experiências, mesmo as mais dramáticas.
Na minha primeira ida ao supermercado deu tudo certo, consegui que a moça do caixa
me desse uma sacolinha sem nenhuma dificuldade (elas custam $0,25). Também
sobrevivi à ida ao Registro Nacional de Reincidencia, fingindo entender o que
não entendia, e acho que deu certo. Se deu certo, meu atestado de antecedentes penales fica pronto na sexta-feira. Já na segunda vez que fui ao mesmo
supermercado, não teve jeito: tive que ir socando as compras na minha bolsa
mesmo.
6 - Não sei se isso dura pra sempre, mas a beleza de Buenos Aires me impressiona todos os dias. Aos domingos, apesar de na maior parte da cidade só estarem
abertos os mercados chinos e alguns kioskos, as ruas não viram um deserto
completo. Tem sempre alguém indo pra algum lugar, a pé ou de carro. Sem falar nas feirinhas, que se espalham principalmente pela Recoleta, Palermo, San Telmo e Puerto Madero.
7 - Ao viver em um hostel, às vezes ficar sem comer é mais
fácil. Eu gosto de cozinhar, mas não me obriguem a fazer isso em uma cozinha compartilhada
com outras quinhentas pessoas que além de incomodarem pela simples presença
ainda deixam tudo uma podridão. Já sair pra comer, além de ser um hábito caro
para se manter com frequência, também não é algo que eu goste de fazer sozinha.
Então o lance é comer algo do supermercado que esteja ali à mão. Ou não comer nada mesmo.
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