sexta-feira, 8 de maio de 2020

Cinco coisas que não fiz em cinco anos morando em Buenos Aires


Semana que vem vai fazer cinco anos que moro em Buenos Aires. Aqueles seis meses se estenderam um pouco e, apesar de eu me sentir em casa aqui e já estar mais do que acostumada a tudo, às vezes me pego pensando que raios eu estou fazendo neste lugar. Que ideia sem sentido. Por que Buenos Aires? Por que ainda? Vou voltar algum um dia? Faz sentido eu estar aqui? Não tenho resposta para nenhuma dessas perguntas. As coisas simplesmente foram acontecendo e fui ficando O ponto é: mesmo morando aqui há tanto tempo, tem coisas que ainda não fiz. Coisas que considero im-per-do-á-vel eu não ter feito. E que espero que o mundo não acabe para que eu finalmente possa fazê-las. 

Nunca fui ao teatro Colón. Em meu primeiro ano em Buenos Aires era inviável ir ao Colón. Eu queria, mas não tinha um puto peso pra isso. Quando conheci o Javi, ele vivia dizendo que era seu lugar favorito na cidade.“Então por que não vamos?”, eu perguntava. Sua resposta era que, para que a gente tenha uma boa visão do teatro e da orquestra/ópera, tínhamos que conseguir um bom lugar, e um bom lugar é caro. Então sempre fui deixando para depois. No início deste ano foi a gota d'água. Disse que iriamos, não importa quão caro fosse, mas as vendas estavam fechadas e iam abrir recém dia 9 de março. Nesse dia começamos a ver a agenda do teatro e não conseguimos decidir quando ir e o que assistir, e, bom, tudo terminou com a quarentena.

Nunca conheci outra cidade argentina. Só Hurlingham, que fica na região metropolitana de Buenos Aires, onde vou (ia?) mais ou menos uma vez por mês almoçar na casa da minha sogra. Eu tinha vontade de conhecer outras cidades do país, mas sempre acabava indo para outro lugar nas férias e não sobrava muita grana para os feriados. Até que aconteceu. Eu finalmente ia conhecer Mar del Plata dia 20 de março num feriadão de quatro dias. Já tínhamos apartamento reservado, passagens compradas, daí veio a quarentena.

Nunca fui a um teatro. Buenos Aires, sobretudo a Avenida Corrientes, é famosa por seus teatros. Já caminhei muitas vezes ali nas noites de sábado e quando via aquela horda de gente saindo dos teatros morria de vontade de ir também, mas sempre deixava pra lá. As entradas para espetáculos com atores famosos são caras, mas os de gente não-famosa não ficam muito atrás. Somando isso à falta de algo que nós dois gostássemos, acabei nunca indo.

Nunca fui ao hipódromo de Palermo. Quer dizer, entrei uma vez em um evento do Jameson em 2016, mas não conheci praticamente nada, fiquei cinco minutos circulando pelas imediações da entrada da Avenida del Libertador e Dorrego e fui embora. Não cheguei a explorar o lugar de verdade e nem vi onde correm os cavalos.  

Nunca comi locro. É um prato típico da Argentina que eles costumam comer nas festas patrias, tipo 25 de Mayo. Leva feijão branco, milho, abóbora, vários tipos de carne, toucinho, linguiça e partes estranhas, tipo mondongo e chinchulin (intestino). Bom, se entende por que eu nunca tive vontade de provar. Já me disseram que existem versões mais light, com cortes de carne mais normais, mas é difícil saber onde servem esse tipo de locro, então continuo sem provar.  

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