Eu e minha camiseta do Joji |
Veja bem, não se trata de guilty pleasure. Não há culpa aqui. Eu mandei fazer uma camiseta com a foto da cara do Joji entre duas bundas e outra com uma frase de uma das minhas músicas favoritas dele. Não tento esconder de nenhuma maneira minha obsessão, mas toda vez que vejo um vídeo de algum show dele me pego suspirando em tom de decepção e me perguntando por que raios ele faz o que faz.
Agora me ocorreu uma analogia. Vou pela lógica heteronormativa mulher-homem que é a que eu conheço, mas tenho certeza que isso sucede em outros âmbitos.
É a seguinte: você de repente começa a gostar de uma pessoa da qual não esperava gostar. Simplesmente não estava nos seus planos gostar justamente daquele ser humano em questão. Ele não é muito bonito, é meio estranho, se veste mal, tem fama de bobalhão e muito embora tenha mudado sua atitude nos últimos anos, sempre sobra um resquício. E isso fica muito claro em algumas atitudes. Mas você gosta dele, já não há muito o que se possa fazer. Ele tem outras qualidades que, agora que você gosta dele, sobressaem a esses inconvenientes. Mas os inconvenientes estão aí, te fazendo constantemente apoiar o polegar e o indicador na testa, fechar os olhos e pensar “por que, meu deus?”.
É assim que eu me sinto em relação ao Joji. Saber que ele era um youtuber do qual eu definitivamente não formava parte do público ainda me provoca certo dissabor. Às vezes os vídeos do seu antigo personagem, Filthy Frank, são jogados na minha cara pelo algoritmo do Youtube como se eu quisesse ver aquilo. Eu não quero. Eu sei que ele guardou raviolis com molho de tomate no bolso da camisa, eu sei que ele cuspiu ketchup num cachorro quente, eu não quero ver nada disso outra vez. Por que, meu deus? Não era mais fácil gostar do Ed Sheeran?
Só que até aí tudo bem, eu posso simplesmente ignorar esse passado caricaturesco, eventualmente o algoritmo entenderá que eu gosto do Joji e não do Filthy Frank. Mas então estou ali, vendo vídeos dos seus shows, que foi o que originou toda a questão que trago neste post, e começa tudo outra vez. Joji tem músicas maravilhosas que eu demorei vários meses para assimilar por culpa de toda essa bagagem que vinha com seu cantor & compositor. E essas músicas tão lindas são quase sempre arruinadas por completo em seus shows. Todo show do Joji parece seu primeiro show.
Ele entra no palco gritando LOS ANGELEEES (ou o nome da cidade na qual está tocando) e continua fazendo isso até o final, em média duas vezes por música. Às vezes ele grita outras coisas, tipo BITCH, YEAH ou a letra da própria música, saindo do tom, da afinação, do contexto, de tudo.
O resultado é mais ou menos assim:
If you've been waiting for fallin' in love BIIIIIITCH
Babe, you don't have to wait on me LOS ANGELEEEESSS
'Cause I've been aiming for heaven above
BUT AN ANGEL AIN’T WHAT I NEEEEEEDDD YEAAHH
E aí eu pergunto, por que, meu deus?
Edit1. Volto aqui depois de ver o show do Joji na segunda semana do Coachella 2022 e, olha, sou obrigada a retirar o que disse. Foi impecável.
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