2005 - ∞ |
Okay, esse título é claramente bait. Primeiro porque eu sei que não é errado e segundo porque se fosse eu não me importaria.
Esses dias eu tava ouvindo In Love and Death do The Used, disco que eu escutava muito entre 2005 e 2007, e apesar de ter ouvido, sei lá, duas ou três vezes depois disso, quando coloco pra tocar meio que sinto o mesmo e reajo igual ao meu eu de 17 anos. Com reagir quero dizer cantar junto gritando e fazendo caras de sofrimento, às vezes levantando uma mão ou colocando-a no peito, para um efeito ainda mais dramático.
The Used, se você não sabe, e não tem porque saber, é uma banda emo cujo vocalista, acreditava eu, não lavava o cabelo desde 1999, e que tive a sorte de poder ver ao vivo no final de 2007 em Curitiba.
E ouvindo o disco agora, sendo uma senhora de idade, pensei “que massa, acho que eu não mudei tanto desde aquela época”. Quer dizer, não virei a minha mãe nem a minha tia Cleusa, pelo menos. Eu o escutava voltando da academia e meus pés calçavam o mesmíssimo par de Adidas Star preto comprado em 2005 por absurdos 150 reais. Minha mãe só aceitou porque viu que era material de qualidade e ia durar muito. Errada não estava, aqui estamos nós, 17 anos depois.
Acho que eu nunca sonhei com mudanças muito drásticas no meu estilo de vida. Não lembro muito bem o que eu pensava sobre isso com 16 anos, mas tenho quase certeza que era algo parecido ao que sinto agora. Nunca quis realmente casar, formar uma família, usar saia lápis e tamanco de salto com tiras brancas, tomar banho de sol, abrir uma imobiliária, comprar uma casa com quintal, um carro e um Lulu da Pomerânia.
Simplesmente dei mais potência & sofistiçacão às coisas que eu já fazia com 16 anos, porque eu trabalho (escrevendo, como eu queria quando tinha 16 anos) e tenho dinheiro para comprar gin importado, tênis da Vans, drogas recreativas, comida japonesa, discos de vinil, serviços de streaming e até pra viajar de vez em quando (mas bem de vez em quando). Não muito mais do que isso, é verdade, mas eu não queria mesmo ter um Lulu da Pomerânia. E tudo bem que eu moro com o meu namorado há cinco anos, mas a gente não casou e nem vai, portanto ele seguirá sendo meu namorado, e seguiremos não tendo filhos, talvez um gato ou um cachorro, mas provavelmente não, porque agora que todos os nossos amigos têm pets a gente sabe das dificuldades que isso acarreta. Sem falar que sempre tem um plano vago de ir embora para outro país muito distante.
Pra mim não é questão de não querer amadurecer ou não querer viver como um adulto, porque foram os adultos que inventaram que é preciso fazer todas essas coisas para que sejamos considerados um deles. Pra mim, amadurecer e ser adulto sempre significou poder cuidar da minha própria vida de forma minimamente responsável. Mas se pro resto da humanidade esse marco é representando com casar, parir e fazer dívidas para adquirir bens, tudo bem também.
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