quarta-feira, 1 de março de 2023

Estou em outra capital federal


Escrevo estas linhas em Brasília. Sim, o Distrito Federal do Brasil. Embora provavelmente já esteja no aconchego do meu lar porteño quando isto seja publicado. É a minha primeira vez na cidade e se eu não tiver nenhum outro trâmite dessa mesma natureza (meu passaporte europeu) para realizar nos próximos anos, provavelmente também será a última. Por nenhuma razão particular, porém, é preciso admitir: que lugar estranho. Não em um mau sentido, eu acho, mas é estranho. Um estranho interessante. Eu gosto de coisas estranhas.

A Dalila me levou para conhecer toda aquela parte turística, Catedral, Museu Nacional da República e Esplanada dos Ministérios. Dalila era a taxista que achei no aeroporto. Ela perguntou para onde eu ia e eu disse que não tinha muita certeza. E aí, como eram nove da manhã e o check-in no hotel era só as duas da tarde, ela foi minha guia turística por uma hora. Nunca tinha visto isso na vida, mas aparentemente ela já estava acostumada. Dalila ia dirigindo e me explicando o que era cada lugar e também estacionava o táxi para tirar fotos minhas na frente de alguns deles. Boas fotos? Evidente que não, mas para quem pensava que não ia ter nem uma mísera foto em Brasília, saí no lucro. E ela também, é claro, porque convenhamos que a nossa breve relação não saiu barata. 

Dalila dizia que era uma pena que tudo estivesse rodeado por grades. Agora ninguém pode chegar perto do Congresso Nacional. Antes, aos domingos, as pessoas ficavam por ali na grama chilling out, me explicou ela - não com essas palavras -, mas depois do fatídico 8 de janeiro foi tudo cercado e ninguém mais chega perto. 

Depois do tour, ela me deixou na Torre de TV de Brasília, onde tem uma feira enorme de artesanato e também uma fonte gigante cheia de chafarizes, e cada uma seguiu seu rumo. Brasília tem muito sol e pouca sombra. Deve ser por isso que as pessoas quase não andam a pé. E também porque é foda caminhar quatro quilômetros para comprar uma caixa de leite. 

Não faz nem de longe o famigerado calor úmido de Buenos Aires, porém, o excesso de sol me tira a pouca vontade de viver que tenho, de modo que após fazer meu melhor esforço para andar até quase o Jardim Burle Max, me dei por vencida e fui procurar refúgio em um shopping que fica no Setor Hoteleiro. Onde estão todos os hotéis, no caso. Porque Niemeyer achou que era uma excelente ideia separar tudo por setores. Mas o dia que a gente conseguir fazer uma cidade, uma capital federal, planejada, e realmente organizada, que fique bom para todo mundo, a gente reclama.




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