É engraçado, porque ao mesmo tempo em que eu já sei mais ou
menos o que esperar, eu não tenho a mínima ideia do que esperar. Eu já conheço
aquelas ruas, aquelas estações, já sei onde ficam os lugares, já sei como é, já
sei como pedir, para onde ir, o que fazer, como fazer, o que falar. Já entendi
o Subte, já sei qual supermercado tem os melhores preços, já sei quanto custam
as coisas, conheço alguns atalhos, algumas pessoas e alguns bares também.
É diferente daquela primeira vez, quando o mais importante era
deixar para trás o que eu tinha e ir em busca do desconhecido. Trocar aquele
tédio existencial por alguma coisa que eu não tinha a menor ideia do que
poderia ser. Eu lembro que eu dizia para as pessoas que mesmo se a experiência
fosse uma merda, seria ótimo, porque alguma lição eu tiraria daquilo. Só que
foi bem longe ser uma merda, como sabem. E por isso to voltando.
Agora, no entanto, eu já espero algumas coisas. Quer dizer,
tenho expectativa de algumas coisas, que por sua vez podem ou não acontecer – o
que eventualmente tem me custado algumas horas de sono. Agora eu tenho mais
planos e menos dinheiro, o que em um primeiro momento pode parecer estranho,
mas na realidade faz muito sentido. Se você não tem dinheiro você é obrigado a
fazer alguma coisa que te dê dinheiro. Qualquer coisa, especialmente se você
não tem pais que dormem sobre um colchão de dólares, que é o meu caso.
Dessa vez eu volto para algumas coisas que eu deixei. Vou
com presentes na mala, que inclusive está bem maior e mais pesada. Agora as
roupas são para as quatro estações do ano. E não vou cruzar a fronteira com meu
passaporte, porque é como se eu estivesse voltando para minha outra casa.
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