Há um ano eu desembarcava em Retiro com o cabelo oleoso, morta
de fome e a cara inchada por ter passado as últimas 24 horas chorando
ininterruptamente. Mal conseguia carregar todas as minhas coisas e por sorte
logo depois de passar as malas na esteira um remisero já estava a postos me
oferecendo seus serviços.
Eu vestia meu casaco de frio polar porque, bem... era maio e
era Buenos Aires, mas estava uns 20 graus, um sol de rachar, e eu suando dentro
daquilo. Não via a hora de chegar ao hostel para tomar um banho e falar com as
pessoas do Brasil. Mal sabia eu que muito em breve não veria a hora de ir
embora daquele lugar asqueroso.
Mas foi ali naquela vizinhança, meio Recoleta meio Barrio
Norte, que eu fui me perdendo de amores por essa cidade. Por cada rua, por cada
prédio, por cada café e por cada árvore que começava a perder as folhas. Depois
de mais um dia chorando e achando que tinha tomado a decisão mais equivocada de
toda a minha existência, de repente tudo começou a fazer sentido. Era isso
mesmo. Era ali mesmo. A grande aventura.
Só que o que eu jamais imaginava naquele 13 de maio era que
depois de um ano Buenos Aires realmente seria minha casa, onde eu receberia
correspondências em meu nome, onde eu pagaria conta de luz, marcaria consulta
médica, sacaria dinheiro no caixa eletrônico. Onde eu teria uma cama me
esperando todos os dias depois do trabalho.
"Chora tudo hoje e depois volta pro planejamento"
ResponderBorrarEu sabia que ia dar tudo certo.
=)